quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pessoas divertidas? Grunf!

Há muita coisa que me irrita. Mas como tenho algum bom senso - pouco, mas algum - normalmente, guardo a maior parte das coisas que me fazem "espécie" para mim. Agora, algo que não admito é que me exijam ser uma pessoa divertida de manhã. Para mim as manhãs não existem. Ponto final. Parágrafo.
Ok, recapitulemos. Durante a semana levanto-me, faço o percurso para o trabalho, toco à porta, encaminho-me para a minha secretária, digo bom dia às pessoas com quem me cruzo, ligo o computador, respondo aos mails, planeio as tarefas para o dia, faço o que tenho a fazer e tal... Ou seja: trabalho. Porém, a verdade é que eu NÃO estou ali. O meu corpo está, mas em piloto automático. Porque, simplesmente, risquei as manhãs do meu bioritmo diário, o que quer que isso seja.
Vamos a um exemplo prático. Melhor, dois!
1-Hoje de manhã, assim que cruzei a porta do emprego, um colega virou-se para mim e atirou-me com esta: "Então, bem disposta?" Levou com esta: "É de manhã, porque é que eu haveria de estar bem disposta?!" Admito, fui má. Mas o que é que alguém que me conhece e coloca esta questão está à espera? Sorte teve ele em não ter levado um pontapé. Isso sim, iria deixar-me bem disposta...
2-Há dias estive ausente de Lisboa em trabalho durante alguns dias. De manhã, a horas impróprias, que eu nem sabia existirem, encontrava-me com o meu colega na sala do pequeno-almoço (estranha refeição, esta... É uma moda recente?). Repito-me: quem já me conhece devia saber que eu prezo muito os meus silêncios. Deixem-me cá com as minhas coisas, no meu estado letárgico, ou sai grunhido. Mas não... "Então isto, e então aquilo... Não dizes nada? Olha que eu gosto de pessoas divertidas..." Se eu não precisasse desesperadamente daquela chávena de café, eu sei o que é que me teria divertido à brava...
Bem disposta e divertida. São dois adjectivos que casam muito bem com a minha pessoa. À medida que o dia avança, claro está... Por alturas do segundo café, os "bons dias" já são perceptíveis - antes disso, só me sai um "grunf..." - e já consigo abrir os olhos por inteiro. Após o almoço, aquilo que era um esgar começa a assemelhar-se a um sorriso. Mas apenas muito remotamente. Ao final da tarde até sou capaz de mandar uma piada para o ar, para gáudio dos meus colegas de trabalho. À noite revelo-me, finalmente, uma pessoa ligeiramente simpática e com algum interesse. Deveras! Claro que, nesta fase, já é hora de ir dormir, pelo que chego à conclusão que devia era trabalhar numa padaria ou ser guarda-nocturna. Ou prostituta. Mas a farinha faz-me espirrar, não tenho lá grande autoridade e andar de saltos altos dá-me cabo das costas...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As manhãs da ira

Ia agora escrever a primeira crónica, levada pelo embalo e pela adrenalina das ideias a fluir. Constato, porém, que tudo o que escrevesse neste momento, a estas horas da noite, iria contra a linha editorial deste blog. Vou esperar por amanhã. Correcção, vou esperar pela manhã de amanhã. Hoje dificilmente conseguiria exprimir-me com o nível de apatia desejado.